quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Coletivo de Negras e Negros do PSOL se reúne durante o FSM.

Na noite de 29 de janeiro de 2009, durante o Fórum Social Mundial, mais de 30 militantes negras, negros e antiracistas, representantes de nove estados (BA, SP, RJ, AP, AM, SP, SE, PA e ES), reuniram-se na sede do PSOL/PA, para debater a intervenção do partido no movimento social negro e junto ao povo negro.
A atividade teve como convidados militantes do Movimento de Resistência Socialista, da Martinica que fizeram uma breve explanação sobre o significado da luta do povo negro em seu país. Também falaram sobre a influência política dos pensamentos dos martiniquenses Aime Cesaire (falecido em 2008) - que, junto a Leopold Senghor e Leon Damas, criou o movimento da negritude, na década de 20 - e de Franz Fanon (que publicou os clássicos Pele Negra, Máscara Branca e os Condenados da Terra), psicanalista marxista que teve ativa participação na libertação da Argélia.
A reunião teve a participação de Luiz Araújo (Secretário Geral do PSOL), Edson Miagusko (Executiva Nacional do PSOL) e da ex-deputada estadual Brice Bragato (PSOL/ES).
O povo negro e a crise: A saída é a luta política contra o racismo e o capitalismo!
As intervenções dos militantes presentes a reunião convergiram no sentido de que a militância afro-psolista deve mobilizar o conjunto da vanguarda do movimento negro e da população negra em torno de ações que busquem combater os efeitos da crise econômica.
Do ponto de vista da população negra, além dos efeitos econômicos diretos (desemprego, precarização das relações de trabalho, sub-emprego) temos conjugados os efeitos sociais, ecológicos e políticos da crise.
A crise mundial tornam mais agudas as pressões racistas contra o povo negro: precarização das relações de trabalho, desemprego em massa, aumento da repressão policial e do extermínio da juventude negra, criminalização da pobreza, faxina étnica desencadeada pela especulação imobiliária nos centros urbanos (como no caso do PDDU, em Salvador), avanço do agro-negócio sobre os direitos e os territórios quilombolas, repressão aos terreiros de candomblé, umbanda e religiões de matriz africana, marginalização de expressões culturais hegemonicamente negras (funk, hip hop) e violência contra a mulher negra.
Desta maneira, o Coletivo de Negras e Negros do PSOL definiu como prioritária construir, junto com setores independentes do movimento negro e a população afro-descendente, a luta contra os efeitos da crise econômica mundial através da defesa de direitos e interesses historicamente negados a nossa população e da mobilização a partir de frentes de ação política para que possamos reverter o atual quadro de repressão, massacre e extermínio de nosso povo.
Como forma de dar conta destas tarefas, debateu-se também a necessidade de tornar as reuniões do Coletivo mais regulares – a última reunião ocorreu durante o Congresso do PSOL, em 2007 – e se marcou a próxima reunião para o dia 01 de abril (que deve ocorrer através de vídeo-conferência). Também foi designada uma Comissão responsável por produzir um documento do Coletivo de Negras e Negros sobre a crise econômica e de articular a participação do movimento negro na manifestação dos movimentos sociais contra a crise, dia 02 de abril, na cidade do Rio de Janeiro.

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