Candidato foi vestido de preto ao terreiro e deu vexame para não ser fotografado no local
Vítor Rocha, do A TARDE, 28/07/2008
Evangélico convicto, o candidato petista à Prefeitura de Salvador, Walter Pinheiro, visitou, na noite de sábado, o Terreiro Maroió Lage, mais conhecido como Terreiro do Alaketo, em Luiz Anselmo, e se negou a ser fotografado dentro do templo religioso do Candomblé. Acompanhado da vice na chapa, a deputada Lídice da Mata (PSB), Pinheiro foi ao local a convite da vereadora Olívia Santanta (PCdoB), candidata à reeleição e integrante da coligação. Ele não participou da Festa de Nanã, celebrada na mesma noite, e apenas ouviu demandas da mãe-de-santo Jojó, sucessora de Mãe Olga no terreiro. Mãe Jojó reivindicou obras de retenção de encostas para a redondeza. Depois do papo com a ialorixá, Pinheiro saiu do templo na mira do repórter fotográfico de A TARDE e, percebendo a situação, deu as costas, bradando que não queria ser fotografado dentro do local. “Não quero, peça ao fotógrafo para parar. Assim ele pode forjar uma situação que não existe”, reivindicou o candidato à reportagem, ressaltando que não se incomodava de ser fotografado fora do templo e que não estava ali participando da manifestação religiosa, mas apenas cumprindo agenda de candidato. Mãe Jojó havia autorizado fotografias do interior do templo enquanto a festa não começava. Quando chegou ao local, acompanhado de assessores, o candidato também causou frisson. “Vixe! Ele veio de preto”, cochichou Olívia Santana, para si mesma. Ele vestia uma camisa pólo listrada nas cores azul e preta. O espanto se deu porque a cor preta bloqueia energias, na compreensão dos adeptos do candomblé, e normalmente é evitada nos terreiros.
3 comentários:
Com todo respeito, acho complicado o PSOL ficar reproduzindo esse tipo de matéria de um jornal vendido com o A Tarde. A campanha eleitoral é um momento importante para debater questões de fundo, como o contrato espúrio do lixo assinado por João Henrique, e o domínio dos empresários sobre os stores de transporte e habitação de salvador, vide o PDDU. Reproduzir matéria desse tipo só contribuem para baixar o nível da campanha e despolitizá-la. Conheço Pinheiro há bastante tempo e sei que ele faz parte de uma das linhas mais abertas da igreja batista, que, inclusive, realiza vários encontros ecumênicos, aí incluindo o Candomblé. Por isso, é clara a intenção de desgastar a imagem do candidato com uma coisa que não tem nada a ver. Acredito que o PSOL contribui muito com o debate político tocando no viés de classe e discutindo os reais problemas da cidade, mas reproduzir esse tipo de "fato" produzido desqualifica a porturi crítica de um partido que tenho como combativo e e que deve prezar por uma qualificação cada vez maior do debate político. Essa é minha sincera opinião.
Um abraço a todos.
Grigório Rocha - Salvador
Eu penso que a preocupação de Grigorio é correta. Mas acho que a matéria não tinha nada de manipulativo. E, se o jornal A Tarde estiver vendido, é preciso dizer quem está pagando. Isto porque este jornal tem feito matérias, na sua grande maioria, favoráveis aos governos de Wagner e de Lula. E sempre tratou Pinheiro de modo simpático. E, na cobertura desta campanha, mais de 90% das matérias sobre sua campanha têm sido favoráveis a ele.
Até acredito no que voce está dizendo sobre a Igreja Batista. Mas a atitude de Pinheiro, neste caso, foi mesmo muito ruim. E este não é um fato fora da política. Ele foi no terreiro fazer campanha eleitoral. Quis ter o bônus junto aos adeptos do candomblé, mas se recusou a ter o fato registrado pela imprensa. A atividade dele foi pública e foi de campanha eleitoral. Então, este fato mostrou o caráter eleitoreiro e oportunista de sua campanha!! Quer ficar bem com o candomblé, mas não quer perder base entre os evangélicos - que, segundo as pesquisas, é o setor onde se concentra a maior parte de seu eleitorado!!!
Pinheiro sempre desrespeitou o principio da laicidade do Estado, atuando na Frente Parlamentar dos Evangélicos.
É um conservador.
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