terça-feira, 5 de maio de 2009

Governo do PT e Camargo Correia prendem trabalhadores e os humilham em praça pública

A coisa está feia no Pará. O governo do PT mandou para o presídio de Americano 16 trabalhadores do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e para a casa de correção feminina, 2 companheiras. Todos presos no ato político feito pelo MAB em Tucuruí, são presos políticos do governo tratados com métodos de tortura física, psicológica e moral.

É um absurdo, um retrocesso político e histórico no Brasil e no Pará. Quem luta contra o latifúndio é tratado como bandido. Essa ação faz parte do acordo entre a Camargo Correa (aquela das propinas aos políticos), governo do Estado (Ana Júlia – PT) e a Eletronorte (governo Lula - PT).

Veja trechos da “Nota de esclarecimento sobre a ocupação das eclusas e a prisão dos manifestantes, no Pará”

“Nós, movimentos sociais que estávamos mobilizados nas eclusas de Tucuruí (CPT – MST – MAB - FETAGRI – STR/Tucuruí – Colônia Pescadores Z32 – MOVIMENTO PESCADORES E MORADORES APA TUCURUÍ – ASSOCIAÇÕES), viemos por meio desta nota esclarecer alguns pontos referentes à nossa mobilização:

Mais uma vez nos mobilizamos para continuarmos as nossas reivindicações, uma vez que acordos acertados não estão sendo cumpridos [pelo governo e as empresas], a lentidão dos processos de viabilização de projetos e políticas é constante no nosso cotidiano. Essa pauta é abrangente, envolve as organizações citadas acima e são remetidas aos governos municipal, estadual e federal. Muitos diálogos foram feitos, mas a concretização das propostas, infelizmente não se efetiva.

Na última sexta-feira cerca de 400 trabalhadores e trabalhadoras ocuparam as obras das eclusas do rio Tocantins, junto à hidrelétrica de Tucuruí. Os trabalhadores rurais protestavam contra a violência no campo e reivindicavam o avanço das negociações com a Eletronorte.

Domingo, dia 26 de abril, por volta de 6:00 horas, a polícia militar foi fazer averiguação no local e deu ordem de prisão por flagrante a 10 trabalhadores e trabalhadoras [...] para fazer boletim de ocorrência na delegacia de Tucuruí e que na seqüência deveriam ser liberados. Todavia, com arbitrariedade o delegado local (segundo ele estava cumprindo ordens da Governadora do estado), também encaminhou-os para Belém.

O primeiro grupo detido, antes de serem encaminhados para Belém, foram levados pelos policiais para fazer um desfile por toda a cidade de Tucuruí mostrando o “prêmio” que tinham conquistado/capturado cedo pela manhã. Todos foram encaminhados para a DIOE - Divisão de Investigações de Operações Especiais.

Permaneceram no local [Belém] sem direito a alimentação, nem condições sanitárias. Somente mais tarde foram encaminhados para a Seccional Cabanagem e na seqüência para o Presídio Americana, onde permanecem até o momento.

Os movimentos estavam legitimamente reivindicando seus direitos humanos, sociais, culturais e ambientais ignorados a 25 anos pela Eletronorte, Eletrobrás e Ministério das Minas e Energia que só buscam beneficiar as empresas eletrointensivas em detrimento do povo trabalhador que mesmo às margens do lago de Tucuruí até hoje muitos, não têm acesso a energia elétrica. Velha prática de descartar as populações locais e criminalizar os movimentos sociais que defendem os direitos humanos. Porque a polícia, ao invés de atacar manifestantes que estão acampadas exigindo seus direitos, não vai atrás de assassinos e mandantes que vitimaram as lideranças sindicais e permanecem impunes?

Exigimos que os governos e as empresas responsáveis pelas obras cumpram a sua parte, atendendo as reivindicações e garantindo todos os direitos até então negados aos atingidos pela barragem de Tucuruí e suas eclusas.”

Um comentário:

Elane Correia disse...

A crise do sistema imperialista mundial que nos assombra há algumas décadas com as suas “simpatias” e “antipatias” globalizadas e políticas neoliberais, emerge enfurecidamente, entranhando-se por entre as nossas almas, os nossos desejos e sonhos com o intento de apossar-se deles sem limites e desavergonhadamente, esquecendo-se de manter as suas supostas “simpatias” ou enganos... Veio ao nosso encontro sem pedir licença, se instalou de forma não temporária e sem restrições, todos os países caíram em suas graças, porque precisam dividir o pão, o “prejuízo” ou um lucro menos desmedido. De forma cândida solicitaram aos estados em geral que salvem as suas grandes corporações financeiras e industrias com muitos bilhões de dólares, e eles assim procedem também candidamente...
A tal famigerada crise econômica e social, dando continuidade aos seus anseios, adentrou no campo sem falsas simpatias e se alargou ao excluir milhões de homens decentes que vivem da terra, aprofundando as contradições de classe no campo, fazendo emergir o que estava nascendo, ou se refazendo/recompondo em vários cantos do pais de maneira mais organizada.
Em todos os recantos eles, os imperialistas, reagem não candidamente aos movimentos de resistência a sua selvageria expressa objetivamente mediante a perda de empregos, assassinatos diários no campo, terceirização do trabalho e etc. Imputam a nós trabalhadores uma crise cerzida pelo seu eterno ranço de um maior lucro, e nos ordenam que nos contenham diante de seu olhar e ações vorazes, contudo, estamos reagindo em várias dimensões...
E, aqui, gostaria de destacar a luta no campo na região amazônica, especialmente em Rondônia, onde ocorre uma absurda violação dos direitos do povo, o que resultou em uma visita de uma missão internacional de advogados que acompanham de forma investigativa e solidarizante à luta camponesa, cujo resultado promoveu duras criticas e denuncias a violência do Estado brasileiro contra os camponeses pobres que desejam apenas ser respeitados nos seus direitos de ter uma vida decente e digna na sua terra que lhe pertence de fato e por direito, o direito inalienável de ser feliz...
Penso que todos nós devemos prestar mais atenção aos nossos arredores, na cidade e, especialmente, no campo, para ouvirmos o clamor de força e de luta dos nossos companheiros campesinos que se perdem a cada metralhadora com o seu giro diário e manuseada pelos pistoleiros, latifundiários, políticos, assentados na sua perversidade política e ideológica. Mas, o espírito camponês ressurge sempre em cada lágrima derramada por aqueles que aqui permanecem ...
Como todo o movimento popular, a luta pela terra esta sendo criminalizada pelo Estado e difamada pelos meios de comunicação convencionais. Mesmo sob estes torpedos repressores os homens que possuem os seu pés fincados a terra como se fossem raízes de seringueira, castanheira ou de uma flor de açaí, estão seguindo em frente na sua luta pela conquista da terra, produção, escolas, tranformações que contribuam, enfim, com a libertação social e política do homem do campo.