quarta-feira, 19 de março de 2008

Na Bahia, PSDB firma uma aliança informal com PT

Lula Marques/Folha

Adversários mortais na cena nacional, PSDB e PT firmaram em Salvador (BA) uma aliança informal para as eleições municipais de 2008. O tucano Antônio Imbassahy vai à disputa como um dos candidatos que têm a simpatia do governador petista Jaques Wagner (na foto).
O deputado federal Jutahy Magalhães Jr. (PSDB-BA) resumo assim o acordo: "O Imbassahy será o nosso candidato. Isso está definido. E nós temos o entendimento, firmado com o governador [Jaques Wagner], de que, se ele ganhar a eleição para a prefeitura, será uma vitória dentro do campo de apoio ao governo [petista] do Estado."
O acerto foi costurado num encontro com o próprio Jaques Wagner. Participaram da conversa Jutahy, Imbassahy e o deputado estadual Marcelo Nilo (PSDB), eleito presidente da Assembléia Legislativa da Bahia, no início de 2007, com o apoio do petismo.
Diferentemente do que ocorre no Congresso Nacional, onde o PSDB faz oposição a Lula, na Assembléia baiana o tucanato compõe o consórcio partidário que dá suporte à gestão de Jaques Wagner. Algo que Jutahy, velho adversário do "carlismo" considera natural.
"Tanto Macelo [Nilo, presidente da Assembléia] quanto eu fizemos campanha para o Wagner de forma ostensiva em 2006", diz o deputado. "Votamos no Geraldo [Alckmin] para presidente e no Wagner para governador. Quando acabou a eleição, estive com Wagner e acertamos que nossa parceria se daria por meio da assembléia, não pela nossa participação no governo."
Segundo Jutahy, o candidato tucano à prefeitura de Salvador "dirá claramente" na propaganda eleitoral televisiva que, uma vez eleito, "administrará a cidade em parceria com o governo" do PT. A julgar pela quantidade de candidatos que planejam dizer a mesma coisa, o eleitor da capital baiana arrisca-se a mergulhar na confusão.
Só o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) vai à eleição municipal de Salvador como adversário frontal de Jaques Wagner. João Henrique (PMDB), o atual prefeito, candidato à reeleição, também é aliado do governador. De resto, o PT e o PSB acenam com a hipótese de lançar mais dois candidatos afinados com o governo estadual: respectivamente Nelson Pellegrino e Lídice da Mata.
Como se fosse pouco, o pré-candidato que freqüenta todas as pesquisas na condição de franco favorito é um radialista filiado ao PRB, partido do vice-presidente José Alencar. Chama-se Raimundo Varela. Leva ao ar, de segunda a sexta, programas de perfil popular na Rádio Sociedade e na TV Itapoan, dois veículos ligados à Record. É apoiado pela Igreja Universal.
O ministro baiano da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), tenta costurar em Salvador uma mega-aliança em torno do atual prefeito João Henrique (PMDB). Reuniria as principais legendas governistas, criando um quadro que permitiria a Lula subir no palanque. Geddel esbarra, por ora, na resistência de PT e PSB, que flertam com as pré-candidaturas do deputado federal Nelson Pellegrino e da ex-prefeita Lídice da Mata.
A despeito da aliança informal que celebrou com o governador petista, Jutahy Magalhães recusa comparações com o acordo que o governador Aécio Neves tenta costurar em Belo Horizonte. Ali, junto com o prefeito Fernando Pimentel, do PT, Aécio tenta pôr de pé a candidatura de seu secretário de Desenvolvimento Econômico, Marcio Lacerda, do PSB.
"Tem uma diferença básica entre o nosso caso e o de Belo Horizonte", diz Jutahy. "Aqui, nossa opção é PSDB. Se Imbassahy ganhar eleição, apoiará o candidato a presidente do PSDB. Vamos lutar pelo Serra. Se for o Aécio, apoiaremos o Aécio. Lá em Belo Horizonte, se ganhar o Márcio Lacerda, não há certeza de que apoiará o candidato a presidente do PSDB."
Trata-se de uma meia verdade. Prevalecendo Serra na disputa interna do PSDB, Jutahy está certo. Se Aécio levar a melhor, porém, sua intenção é a de costurar uma aliança que atraia o PSB de Lacerda, o PMDB e, quiçá, o próprio Lula.

Um comentário:

Anônimo disse...

Então foi isto. Não foi por acaso que o deputado Marcelo Nilo, do PSDB, disse na imprensa que não tinha problemas os militantes do PT estarem usando vales de gasolina da Assembléia Legislativa na disputa da eleição do presidente do PT.