terça-feira, 26 de maio de 2009

CODESAL contabiliza 300 desabamentos: de quem é a culpa?

A CODESAL divulgou recentemente o balanço das chuvas em Salvador. Segundo o órgão da prefeitura, Salvador já contabiliza 300 desabamentos. De quem é a culpa pela situação das vítimas de desabamento, todas pobres: De São Pedro? Da natureza? De João Henrique? De Imbassahy?

Há algumas semanas, o atual e o ex-prefeito de Salvador, João Henrique e Imbassahy respectivamente, trocaram acusações nos meios de comunicação. Um jogando a culpa dos deslizamentos no outro, afirmando que faltaram investimentos preventivos para evitar as tragédias. Infelizmente, afirmamos aqui que os dois estão cobertos de razão, pois ambos são culpados. Imbassahy ficou conhecido pelas obras faraônicas para gringo ver, incluindo praças megalomaniacas nos bairros nobres, muitas vezes destoadas das características da cidade. Já os bairros pobres continuaram, durante a sua gestão de oito anos, sofrendo com a falta de obras de infra-estrutura, dentre elas encostas.

João Henrique, no seu primeiro mandato “balaio de gato”, não reverteu em nada a situação herdada. A grande maioria dos bairros pobres continuaram a sofrer com a ausência de investimentos e as consequências dessa situação estouraram com as fortes chuvas que castigaram Salvador. Como alternativa, João Henrique ofereceu a "grande" ajuda de R$ 150,00 para aluguel de uma residência provisória para os desabrigados.

Enquanto os dois trocam farpas, a população sofre com a desmantelada máquina pública da prefeitura, incapaz de oferecer assistência e alternativas seguras para as famílias atingidas. A própria CODESAL não tem conseguido atender a todas as chamadas de desabamento por carência de pessoal.

O crescimento desordenado de Salvador é um problema similar aos dos diversos centros urbanos do país: todos inchados e com sérios problemas de habitação e infra-estrutura. Mas, mesmo com esse limite estrutural mais amplo e vinculado a um conjunto de características sociais e econômicas do país, muita coisa pode ser feita para evitar que essas cenas se repitam a cada chuva forte. Uma delas é desprivatizar a máquina pública da cidade, direcionando seus investimentos para as áreas com maiores problemas. Infelizmente, não foi essa a ação política adotada pelo atual e ex-prefeito, pois ambos representam e continuam representando os interesses do capital privado.

Para tristeza de muitas famílias, que perderam ou perderão ainda tudo que conquistaram, os prognósticos não são os melhores. Mas, é necessário e possível pressionar os órgãos públicos para mudar o direcionamento dos recursos públicos e evitar essas tragédias. Só assim, dias e noites melhores virão, mesmo com chuva.

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