quarta-feira, 23 de julho de 2008

25 de Julho Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe

O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas em Santo Domingo, República Dominicana. Estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra, tendo em conta a condição de opressão de gênero, racial/étnica e de classe em que vivem.

Nós, mulheres negras, estamos nas ruas para denunciar e combater o racismo e o machismo; estamos reafirmando a trajetória de luta de nossas ancestrais, mulheres que foram arrancadas de suas famílias, sociedades, culturas, modos de viver na África - mulheres que criaram um modo de vida neste continente chamado América.

Mulheres como Nany na Jamaica; como Jacuba, Júlia, Dorothea, Una e Effa nas Guianas, que enfrentaram os senhores de escravos; mulheres como Rosa Parks que se recusou a dar o seu lugar num ônibus a um homem apenas por este ser branco, iniciando nos Estados Unidos o Movimento dos Direitos Civis; mulheres como Maria Felipa que lutou na guerra da independência na Bahia, mas não é lembrada no Dois de Julho; mulheres negras que cotidianamente trazem na pele, no rosto, no cabelo, no sorriso a sua força e a certeza de que podem mudar essa situação.

Nós, mulheres negras, estamos evidenciando como a nossa sociedade é perversa, como ela maltrata as suas filhas e filhos, como ela mata as nossas crianças, adolescentes e jovens negros. Essa sociedade mata com a violência do aparelho repressor do Estado, mas mata também quando não pune estes agressores; mata quando nos empurra para a marginalidade; mata quando não investe na saúde pública, quando deixa que as nossas jovens morram em função dos abortos clandestinos por falta de atendimento médico e por pura hipocrisia dessa sociedade. Esta sociedade nos mata quando fecha os olhos à violência doméstica, quando ri por sermos negras e nos impõe um modelo de beleza branca que é cruel; mata quando permite que a educação pública básica não atenda as necessidades do nosso povo.

Muitas mulheres morreram e morrem por tudo isso, mas nós estamos vivas e lutando para reafirmar o nosso compromisso com as lutas dessas mulheres e das nossas ancestrais de construir um espaço de poder em que o racismo e o machismo sejam permanentemente combatidos.

Veja a programação e participe desta mobilização:
MANHÃ - 09:00h - Audiência Pública - Reabertura Já da DEAM de Periperi
Local: Colégio Estadual Praia Grande, Rua Rosalvo Barbosa S/N Periperi - próximo ao posto médico

TARDE - 15:00h - II Caminhada das Mulheres Negras
Local: Campo Grande
NOITE - 19:00h - Seminário "Por Uma Questão de Gênero e Raça" e entrega do Prêmio Luiza Mahim
Local: Terreiro Oxumaré


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