sexta-feira, 27 de junho de 2008

Romper o cerco e politizar a eleição, Por Afrânio Boppré

Qual a estratégia do PSOL para a campanha eleitoral de 2008? Esta importante pergunta deve ser respondida a luz de uma definição mais precisa do ponto de vista conceitual. Estratégia é caminho, que se trilhado, acreditamos reunir condições de nos fazer chegar a um determinado objetivo.
Quando se trata de política, este caminho contém elementos de certeza, mas também é farto em incertezas, armadilhas e imensas dificuldades.
Portanto, nenhuma estratégia é pronta e acabada. No decorrer do percurso haverá múltiplas necessidades de responder taticamente. Logo, toda tática está subordinada a uma estratégia e toda estratégia subordinada ao seu objetivo. Sendo assim, devemos nos perguntar também, quais os objetivos do PSOL para as eleições de 2008?
É certo que os setores dominantes tentarão construir uma falsa bipolarização entre duas alternativas confiáveis para si. Uma espécie de estadunização (EUA) da política brasileira (democratas versus republicanos e oposição de direita versus lulo-petismo), sendo que para o PSOL, a depender da vontade da classe dominante, está reservado o ostracismo e a marginalização. No entanto, é bom frisar que a burguesia não tem controle absoluto sobre o jogo político e, no cenário latino-americano, por exemplo, vem acumulando sucessivas derrotas.
Neste sentido, fica claro que um dos objetivos do PSOL é romper o “cerco” da classe dominante sem, contudo, a ela se submeter.
O PSOL encontra-se diante de grandes desafios que poderão converter-se em objetivos com respectivas estratégias: assumir-se nacionalmente enquanto partido; negar sua “folclorização”; constituir-se enquanto pólo aglutinador da esquerda socialista no país; difundir o socialismo, dentre outros. Todos eles trazem consigo um tema que é transversal, ou seja: a escala. Os geógrafos sabem da importância das escalas. Na cartografia, por exemplo, ao escolher a escala 1/20.000 se consegue visualizar determinadas coisas e se perde outras. Já quando se escolhe 1/5.000 o resultado é outro.
Tudo é uma questão de opção que está vinculada com o interesse e os objetivos. Neste momento estamos diante do debate entre escala nacional ou municipal da eleição. O lulo-petismos, confiante nos índices de popularidade de Lula, já deu sinais claros de que pretende nacionalizar e a oposição de direita escolheu a escala municipal e o PSOL?
Vejam! O nacionalizar do petismo é um apelo plebiscitário entre as opções de governo FHC e Lula; entre o debate de qual neoliberalismo fez mais; sobre a banalização da corrupção; sobre a política econômica “segura e confiável” e a farsa do PAC. Já o DEM, e o PSDB vão discutir os problemas municipais sem vinculá-los ao nexus causal do sistema capitalista (violência, trânsito, desemprego, saúde, educação etc.).
Minha opinião, que está aberta ao debate, é a de que o PSOL deve ser flexível às escalas. Nacionalizar e municipalizar sempre com o firme objetivo de politizar o debate e esclarecer o que vem a ser efetivamente esquerda no Brasil de hoje. Politizar e romper o cerco.
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Afrânio Boppré Membro da Executiva Nacional e Presidente PSOL/ SC

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