sexta-feira, 11 de abril de 2008

Reparando a Secretaria de Reparação (SEMUR)

A Semur deveria ser a instância responsável por articular em Salvador, junto às instituições governamentais e não governamentais, políticas públicas de promoção da igualdade racial, em nível local. Por sua transversalidade deveria articular com as outras secretarias municipais a inclusão do recorte racial em todas as políticas públicas implantadas na cidade.
Em lugar de se preocupar com o essencial, a Semur, depois da posse da atual secretária Antônia Garcia*, virou um local onde nada se produz, não há um projeto novo sendo elaborado e o acompanhamento dos antigos largados à deriva.
Os funcionários enfrentam toda sorte de humilhações segundo fui informado por vítimas com medo de se identificar, algumas ações até podem ser classificadas de assédio moral. A ex-secretária de gabinete, por exemplo, antes de ser demitida sem nenhuma razão profissional e política, ficou sem função não sendo responsável nem mesmo pela agenda da secretária.
O abuso de poder é uma constante e os funcionários intimidados nem ao menos podem expressar suas sugestões e opiniões. Qualquer administrador recém formado em qualquer escola de nível superior sabe que o maior incentivo para uma maior e melhor produção e utilizar ao máximo o potencial dos trabalhadores e não reprimi-los.
Outra vítima do comportamento exclusivista e autoritário de dona Antônia Garcia é o subsecretário Antônio Cosme. Ele está afastado de forma humilhante até da representação da Semur em atividades oficiais. Já passou da hora dele tomar uma providência para acabar com esse absurdo e expressar sua opinião.
Uma amostra da total falta de capacidade administrativa e política da Semur ocorreu no dia 21 de março. A Organização das Nações Unidas (ONU) o instituiu como "Dia Internacional pela Eliminação do Racismo" em razão do massacre que ocorreu na África do Sul no dia 21 de março de 1960 quando um ato pacífico em Shaperville (África do Sul) contra o apartheid resultou na prisão de mais de 300 pessoas e morte a tiros de 69 manifestantes negros. Para o mundo não esquecer esse massacre e refletir sobre a necessidade constante da luta contra todas as formas de discriminação racial, a ONU fez desse dia um marco mundial.
Aqui em Salvador a incapacidade da Semur foi tamanha que nada de significativo foi feito na maior cidade negra fora do continente africano. É preciso falar mais?
Já passou da hora do Povo de Santo, Movimento Negro, funcionários da Semur e a população em geral exigir uma Secretaria Municipal da Reparação verdadeiramente reparada e não armengada como ela se encontra. Qual a razão da Semur 1 e a Semur 2? Por que dividir em duas sedes se mantém-se alugado um prédio e uma parte ocupa uma área pública? Onde está a economia aos cofres públicos uma atitude desprovida de inteligência como essa?
As diversas entidades e organismos públicos e privados que deveriam ser convidados a participar, a ser provocados para entrarem na luta contra a desigualdade racial devem agora partir para a ação e de uma vez por todas reparar a Semur.
Carlos Alberto Carlão de Oliveira - jornalista - MTb 1317
* A secretaria renunciou ao cargo, por motivos partidários, no dia 08/04/08.

Um comentário:

Isabella disse...

Cego não é só aquele que não vê...mas sim pessoas incapazes de enxergar o próximo passando fome, sede, frio e injustiças por aí ...

Surdos não são só aqueles que não ouvem, mas sim aqueles que não querem ouvir o mundo gritando por socorro, por justiça , por ajuda.

Os deficientes não são só aqueles que não andam, não falam, não ouvem, não vêem, mas sim todas aquelas pessoas fracas que não conseguem ajudar aos outros e a si mesma...
Até quando pessoas irão passar fome ?
Até quando pais irão espancar filhos ?
Até quando haverá guerra ?
Até quando iremos ficar deficientes, cegos, surdos e mudos ?

A deficiência ou melhor o “problema” não está fora e sim dentro de cada um de nós ...convido aos amigos e alunos a uma reflexão profunda a cerca do tema!

tivemos nosso passe livre suspenso pelo Sr.Agenor Gordilho,é agora?

como podemos entrar por detrás dos coletivos se temos limitações físicas e ,na sua grande maioria, os motoristas não são treinados para respeitar os limites dos portadores de necerssidades especiais...há duas semanas atrás fui vítima de uma agressão pelo motorista ao pedir acesso pela porta da frente....mesmo afirmando que pagaria a passagem e a paguei,este senhor tomou dez reais de minha mão e não me devolveu o troco e não regitrou a passagem....onde vamos parar?



Estou entrando em uma luta para valer em prol dos direitos dos idosos e portadores de necessidades especiais como eu e espero ter o apoio dos companheiros.
Companheira Isabella Pacheco Pereira/Salvador