Sáb, 1 de Mar de 2008 11:40 pm
Oi Irmãs e irmãos,
Através desta faço saber que em ato de contrição e em uníssono com os Orixás encontro-me em greve de fome.
Certamente todos os que aí estão sabem da minha maior bandeira de dedicação e luta: os Orixás, os Inquices, os Voduns e os Encantados. Luto pelo respeito a fé e contra a Intolerância em qualquer nível e a ventania, os raios, relâmpagos, trovões e a chuva histórica que assolou a cidade do Salvador um dia após a demolição do Terreiro é a mostra do tamanho do desrespeito que causou imensa dor aos Orixás, Enquices, Voduns e Encantados.
Não podemos esquecer que este Terreiro é de Iansã e que o dia da demolição foi quarta-feira, dia de Yansã a Orixá ligada às ventanias e tempestades e a Xangô Orixá dos raios e trovões. Sempre soube que sob a égide dos nossos Orixás ancestrais poderíamos juntar a nossa luta.
Nunca duvidei da importância e da necessidade de termos um mundo mais justo para um povo tão guerreiro, digno, honrado e sofrido. Precisamos estar juntos nesta batalha. Saliento que o que está acontecendo não é um ato particularizado, mas uma tentativa de fazer prevalecer a fé e o amor sobre a intolerância e a intransigência.
Em tempo, não estou fazendo exigência alguma. Não se trata disto. Na verdade humildemente, de forma contrita e contemplativa gostaria que todas e todos refletissem sobre como se sentem os nossos irmãos e irmãs que nada possuem além da fé, dos seus templos religiosos e do medo e dos riscos que estão sentindo por não terem a certeza do amanhã. Precisamos tranqüilizar os nossos.Temos que fazer reverberar às nossas autoridades religiosas que eles não precisam mais temer os nossos irmãos e irmãs que independente da religião que cada um professe estaremos todos firmes e unidos na luta pela construção de um mundo mais justo e para que sejamos mais justo com o mundo.
O meu humilde pedido às autoridades para que a situação em que me encontro seja modificada é a garantia de que isto não mais tornará a acontecer com nenhum templo religioso desta cidade e que se tenha um pronunciamento por parte das autoridades competentes sobre o Projeto de Mapeamento de Terreiros de Salvador que garantia aos Terreiros a regularização fundiária para as Casas de Candomblé que estavam em terrenos pertencentes ao município. Faço estes dois humildes pedidos com a certeza de que nada tem demais do que a justiça prevalecer.
Marcos Rezende
Coordenador Geral do CEN
Ogan do Ilê Axé Oxumarê
Conselheiro de Combate a Discriminação da Secretaria de Direitos Humanos ligada a Presidência da República
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